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Marketing Digital Redes Sociais

Adeus a mais uma rede social

11 de julho de 2019

Essa notícia vai deixar muitas blogueiras “das antigas” chateadas. O Flogão anunciou em seu site oficial que encerrará seus serviços definitivamente no dia 15 de Julho.

Pra quem está aprendendo sobre o mundo dos fotologs agora, o Flogão era uma das “redes sociais” de compartilhamento de fotos mais famosas do Brasil em 2005. Era muito difícil encontrar um adolescente que não tivesse uma conta no site com nicknames bizarros, como por exemplo: Ve miguxa glitter. Isso era moda no início dos anos 2000.

Se hoje em dia muita gente faz de tudo para ser famoso no Instagram, antigamente todo mundo morria pra aparecer na página inicial do Flogão. Existia até panos de assinatura pra você ganhar uma estrelinha de assinante e ser divulgado constantemente na home do site.

Uma das meninas que conseguiu atingir o auge da fama era a “Ju Plock” (Juliana Benedetti). Uma moça loira, bonita e que compartilhava fotos normais, que tirava no seu dia a dia, conseguiu mais de um milhão de visualizações em sua página em menos de um ano. Assim como as influenciadoras digitais hoje em dia, Ju tinha vários fã clubes, estava constantemente na home do Flogão e chegou até a aparecer na televisão.

Em um mundo onde as redes sociais dominam, com sites e aplicativos pra compartilhamento de todos os tipos de mídia que se possa imaginar, parece impossível que um site consolidado como o Flogão tenha caído no esquecimento e tenha perdido tanto público para outras plataformas.

Analisando sob o ponto de vista do marketing digital, a sucessão de erros na administração e divulgação do site “flogao.com.br” fizeram com que ficasse antiquado e defasado. A consequência é que os usuários acabaram migrando para o Instagram.

Entre os principais pontos que tornaram o Flogão decadente podemos citar:

  • Layout obsoleto

 O Flogão usa o mesmo layout para o site desde que me lembro. Com o passar dos anos eles mantiveram o formato original, que não é otimizado para smartphones (já que quando o site foi lançado esse tipo de celular ainda não existia). Não houve um acompanhamento e upgrade do layout conforme os avanços tecnológicos.

  • Não Adicionaram Novas Funcionalidades

O objetivo do site era ser uma plataforma de compartilhamento de fotos e pequenos textos. Apesar de ter um lugarzinho designado para textos maiores (tipo um blog) quase ninguém o usava, porque não dava pra deixar comentários ou postar gifs.

Hoje em dia é possível compartilhar vídeos em todas as redes sociais. O Youtube é a segunda maior plataforma de busca do mundo, é possível compartilhar vídeos de 3 maneiras diferentes no Instagram e no Facebook… até o twitter, cujo conceito é a comunicação em poucas palavras, decidiu disponibilizar essa opção para os usuários.

Ter parado no tempo e não ter atualizado as funções e serviços que eles ofereciam, dava uma sensação de que a tecnologia do site era atrasada e com certeza desgastou o formato para quem queria novidades.

  • Não Investiram em Ferramentas de Compartilhamento

Apesar de tardiamente terem adicionado pequenos botões que permitia que pessoas compartilhassem os posts dos flogs no Facebook e Twitter, de nada adiantou.

A maioria das pessoas postavam fotos pessoais ou tinham fã clubes. Não ouve um incentivo para que as pessoas criassem conteúdo de relevância que fossem compartilháveis na plataforma, e acabou que os botões ficavam ali de enfeite.

Eles deveriam ter criado primeiro uma ferramenta para que os usuários do flogão compartilhassem os posts dentro da própria plataforma (aumentando assim o tempo que as pessoas passavam no site), para aumentar as chances de viralização das postagens.

  • Não Investiram em Divulgação

Vocês já repararam que o Instagram tem contas oficiais no Facebook, Twitter e Youtube? E que o Youtube também tem contas oficiais no Instagram, Facebook e Twitter?

Pois é! Todas as plataformas de peso têm contas oficiais umas nas outras para divulgar funções novas, criar tutoriais de como usar essas ferramentas e até mesmo, se comunicar com os usuários caso o site deles esteja com algum problema.

Vimos a importância da conta oficial do Instagram no Twitter semana passada, quando o Instagram não estava carregando fotos e vídeos e teve que ficar em manutenção o dia inteiro. Foi pelo Twitter que eles informaram o público que estavam cientes do problema que a plataforma estava tendo, e que estavam trabalhando para resolvê-lo o mais rápido possível. Eles até levantaram a hashtag #instagramdown e tiveram milhares de compartilhamentos.

O Flogão não estava presente em nenhuma outra rede social, o que os alienava do grande público e prevenia novas pessoas de encontrá-los organicamente através de compartilhamentos, e de pessoas que marcavam as outras nos comentários de suas contas oficiais.

  • Não Criaram Formas de Monetizar a Plataforma

Esse foi um erro rude. Enquanto todas as outras plataformas permitem que seus usuários ganhem dinheiro com o conteúdo que eles criam, o Flogão além de não ter seu próprio meio de monetização, ainda colocava anúncios do Google na página de todo mundo onde somente ELES ganhavam dinheiro com os clicks.

E tem mais… as pessoas que não queriam ter os anúncios em seus flogs, tinham que fazer uma assinatura (cujos benefícios eram postar uma foto de faixa no topo da página, uma estrelinha de assinante e o direito de postar 100 fotos por dia).

Você já imaginou se o Facebook ou Twitter cobrassem pra você poder postar?

Pois é… a ganância era grande. Além de não incentivarem seus usuários a criarem conteúdos relevantes, que pudessem trazer novas pessoas para o site, com uma recompensa financeira, eles queriam que as pessoas pagassem pra poder postar no flog “quantas vezes quisesse”. Com tantos outros aplicativos que permitem postagens gratuitas, quem ia querer se limitar a dois posts por dia?

  • Não Disponibilizaram Aplicativo Para Smartphone

Imagina se você tivesse que estar com seu computador toda vez que quisesse postar uma foto no Instagram. Você nunca ia postar nada, né?

Pois era assim que os usuários do Flogão tinham que postar suas fotos até maio de 2019; isso porque o Flogão não criou um aplicativo para que as pessoas pudessem postar do celular.

Segundo uma pesquisa realizada pela Comscore em 2018, 73% do tempo que brasileiros passam na internet é pelo smartphone. Não disponibilizar aplicativo na App ou Play Store, e não otimizar o site para acesso mobile foi um dos maiores erros cometidos pela empresa.

  • Não Investiram em Vídeo

Eu já falei um pouco sobre o Flogão ter exatamente as mesmas funções que tinha quando eu era uma usuária superativa em 2005. Também comentei sobre todas as outras plataformas estarem apostando em disponibilizar várias ferramentas de criação de vídeo. Nesse tópico vou explicar o porquê ter deixado essa forma de mídia de lado, preveniu que o site tivesse muita publicidade orgânica.

Segundo uma pesquisa feita pelo Youtube em 2018, os brasileiros assistem em média 19 horas de vídeo online por semana. As pessoas dedicam quase um dia inteiro da semana delas para consumir conteúdos em vídeo na internet. Isso acontece porque o cérebro humano processa um vídeo 60 mil vezes melhor do que uma foto ou texto.

As pessoas se conectam através de vídeos e os compartilham com os amigos. Imagina o alcance que tem um vídeo compartilhado por uma página do Facebook com 1 milhão de seguidores. Vídeos são mais fáceis de viralizar, aumentando assim o trafego na plataforma onde foi postado.

Hoje em dia as influenciadoras digitais fazem muita transferência de audiência. Elas divulgam todas as suas redes sociais nos vídeos que postam no youtube, fazendo com que o público que somente as seguiam por lá, também as sigam no Instagram, por exemplo. O mesmo acontece com os vídeos postados em outras plataformas. Essa audiência poderia ser transferida também para o Flogão.

  • Não Disponibilizaram a Opção de Marcar Usuários

Quantas vezes você se pegou assistindo a um vídeo super engraçado e pensou: “Eu preciso mostrar isso pra minha amiga”. As principais redes sociais do mundo têm a opção de você digitar o nome da amiga com quem quer compartilhar aquele conteúdo, e quando ela entrar no aplicativo, será notificada que você a marcou em um post.

O Flogão nunca permitiu esse tipo de interação entre os usuários, tornando o compartilhamento das fotos super trabalhosas e difíceis para os padrões atuais. Ninguém mais quer copiar um link, abrir outra aba no navegador, entrar no site do email, fazer login, criar um novo e-mail, pensar num título, lembrar do e-mail do amigo e enviar. Aliás, em pleno 2019 amigos ainda mandam e-mail um pro outro?! Não né.,.

Essa ferramenta foi criada para tornar o compartilhamento de conteúdo algo fácil e rápido. Se tiver muitos passos e for muito difícil, esquece. As pessoas não vão se dar ao trabalho de fazer.

Outro ponto no qual o Flogão pecou.

  • Não Profissionalizaram a Plataforma

Praticamente todas as redes sociais hoje em dia tem uma forma de monetização própria. O Facebook e Youtube circulam anúncio nos vídeos dos criadores de conteúdo, para os blogueiros existe o AdSense, Instagram instalou uma ferramenta que avisa os usuários quando o post de um influencer é publicidade e manda as estatísticas dos posts diretamente para a marca.

E o Flogão? NADA!

O extinto site de compartilhamento de fotos não se deu ao trabalho de incentivar seus usuários a criarem conteúdo de valor, compartilhável e não incentivava marcas a anunciarem no site. Com isso, sua única fonte de renda era os usuários que decidiam pagar pela assinatura do flog, sem ter nenhum benefício com isso.

A possibilidade de ganhar dinheiro com a internet e o nascimento de uma nova profissão fez com que pessoas e empresas focassem somente nas plataformas onde era possível rentabilizar o trabalho que produziam, deixando o Flogão para trás mais uma vez.

  1. Não Investiram No Mercado Internacional

Houve um tempo onde até existiu um flogao.com, uma página independente do “.com.br”, onde o site era todo em inglês, e era focado no Mercado internacional. Os maiores problemas dessa tentativa de internacionalização da marca é que o flogao.com era completamente independente do flogao.com.br, ou seja, se os usuários brasileiros quisessem estar presentes no site gringo também, eles teriam que criar uma nova conta e começar do zero.

O nome do site e o mascote também jogavam contra a internacionalização da marca. A palavra flogão exige uma pronúncia nasal, difícil para pessoas que não falam português, e o aumentativo “ão” não existe em outros idiomas, o que dificulta a memorização do nome do site.

O mascote por sua vez, era um gato verde, todo descolado e surfista com um piercing na orelha. Uma vibe totalmente abrasileirada que não fazia sentido para o mercado internacional.

Podemos concluir com essa análise que a recusa da equipe do Flogão de atualizar o layout do site, otimizá-lo para acessos de smartphone, a criação do aplicativo, e a falta de monetização para o usuário foram algumas das falhas mais graves cometidas. Essas falhas tornaram o site obsoleto e não prático para o uso diário.

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