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Marketing Geral

Descubra a Estratégia de Marca Pessoal da Gisele Bündchen

7 de junho de 2020

Gisele Bündchen é um exemplo de profissional com visão a frente de seu tempo. Se você é da mesma geração que a minha, vai lembrar das inúmeras capas de revista, comerciais, e matérias em programas de fofoca envolvendo seu nome.

Apesar de sempre tentar manter sua vida pessoal fora dos holofortes, toda semana a revista Caras achava alguma coisa pra publicar sobre ela. As entrevistas de Gisele tinham quase sempre a mesma tonalidade, com respostas diplomáticas (evitando polêmicas) e sempre afirmando que para manter aquele tipo físico de modelo não precisava fazer muito esforço. Sempre enfatizou que comia de tudo, nunca contava calorias e nunca deu a entender que as mulheres precisavam se matar na academia para ter aquele corpo de “Angel”.

O sucesso da contrução de sua marca pessoal nos anos 90 se deu pela orientação que sempre teve de seu pai e pelo apoio da família.

A imagem criada pela modelo era de perfeição, não apenas por sua aparência física, mas por seu profissionalismo e pelo glamour que era associado com a profissão de top model no início do século XXI.

As capas de revista em que Gisele aparecia também sempre remetiam a ilusão da vida perfeita. Me lembro bem de uma capa da revista Capricho de 2001. A foto era do desfile da Victoria’s Secret e a manchete “O Sonho de ser Gisele” vinha com a ideia de ter a profissão de modelo, seu corpo, seu sucesso… enfim, sua vida era o sonho que milhares de mulheres brasileiras sonhavam em ter.

Apesar de sempre fugir das polêmicas como diabo foge da cruz, seria quase impossível em 20 anos de carreira, não se meter em nenhuma confusão. A maneira como Gisele lidou com a crítica pública nas 3 ocasiões onde deu declarações em que seus seguidores achavam ofensivos, foi um exemplo de gestão de crise de imagem. Veja abaixo cada polêmica envolvendo o nome da modelo e a estratégia usada para sair da crise sem manchar sua imagem.

VICTORIA’S SECRET FASHION SHOW 2002

Depois do anúncio público do contrato assinado por Bündchen e a marca de casacos de pele Blackglama, PeTa (People for the Ethical Treatment of Animals) decidiu agir. Em protesto contra maus tratos animal a ONG PeTa decidiu protestar contra o contrato de Gisele no desfile da Victoria’s Secret (um dos programas mais assistidos nos Estados Unidos). Os ativistas esperaram a modelo começar a desfilar para invadir a passarela e levantar cartazes com os dizeres “Gisele: Escória da pele”.

Como resposta à polêmica Gisele deu entrevistas dizendo que não sabia o que estava acontecendo na indústria da moda e que o contrato foi assinado simplesmente porque sua agente tinha lhe dito que era um passo importante para sua carreira. Gisele também disse que após o incidente envolvendo a PeTa, decidiu pesquisar sobre os casacos de pele, como eram feitos e a crueldade que envolvia os animais.

Depois disso decidiu romper o contrato com a Blackglama e se tornar uma porta-voz do sofrimento animal. Ela disse que a “chamada de atenção” da PeTa foi importante para ela se informar melhor sobre o que estava acontecendo na indústria da moda e serviu para ela tomar as rédias da própria carreira e parar de somente aceitar trabalhos porque sua agente lhe dizia para aceitar.

Foi a partir daí que a modelo começou a associar seu nome apenas com marcas que seguiam seus valores como pessoa, o que a ajudou a fortalecer sua marca pessoal e a criar essa imagem impecável que ela mantém até hoje.

LEI DA AMAMENTAÇÃO

Em 2010 a atriz e apresentadora britânica Denise Van Outen declarou que parou de amamentar sua filha com apenas 3 semanas de idade porque não queria ser flagrada por paparazzi enquanto amamentava. Gisele achou essa declaração um absurdo e em uma entrevista que deu para Harper’s Bazaar britânica decidiu manifestar sua opinião, forte por sinal, sobre o assunto:

“Algumas pessoas aqui (nos Estados Unidos) acham que não precisam amamentar. E eu penso: Você vai dar comida industrializada para seu filho ainda tão pequeno? Deveria existir uma lei mundial, na minha opinião, obrigando as mães a amamentarem seus bebês até os seis meses”

A opinião de Gisele teve uma conotação negativa e deu a volta ao mundo revoltando mamães de vários países.

Após se dar conta que sua entrevista estava sendo vista com maus olhos por muitas pessoas, a top resolveu escrever em seu blog (atualmente for a do ar) explicando que seu comentário não era para formar uma lei, mas sim para expressar sua opinião sobre amamentação.

Além disso a modelo desabafou no blog dizedo que a maternidade lhe trouxe inúmeras perguntas sobre o que é melhor para seu filho e que está em constante busca por respostas.

Esse desabafo foi capaz de mudar o tom da conversa sobre amamentação que Gisele iniciou com a entrevista. Ao mostrar-se vulnerável, como todas as outras mulheres que são mães do mundo, ela conseguiu atrair a simpatia de volta de muitos seguidores e foi capaz de iniciar uma conversa com tom de debate sobre o tema.

NUNCA SERIA MODELO DE INSTAGRAM

Em 2018 Gisele deu uma entrevista polêmica para a Vogue America. Quando o assunto foi a nova geração de modelos, e o entrevistador perguntou o que ela achava sobre a nova maneira de se trabalhar na indústria da moda, sempre postando fotos nas redes sociais, e fazendo campanha no instagram por exemplo, a top deu a sua mais sincera opinião:

“Não é a minha geração, tenho que ser honesta a respeito disso. Sou mais velha, mais sábia. Se eu tivesse que me promover da mesma maneira que as garotas que estão modelando agora têm que fazer, esqueça. Eu não faria”

A resposta de Gisele ofendeu muitas pessoas que se dedicam inteiramente ao Instagram, e a top que é expert em gestão de crise de imagem não esperou a poeira baixar. Já logo de cara, enquanto sua declaração estava bombando nos sites de fofoca, ela publicou em todas as suas redes sociais um pedido de desculpas. Veja:

Tradução da mensagem:

“Sinto muito que minhas palavras no artigo mais recente da Vogue foram mal interpretadas. Minha intenção era simplesmente expressar que vim de uma geração mais antiga e que não sou expert com tecnologia. Eu admiro essa geração mais nova e a habilidade que elas tem de gerenciar a demanda de trabalho extra que as redes sociais exigem. Eu, certamente, não acho que sou mais sábia que ninguém, e acredito que todos estamos sempre aprendendo”

ALÉM DO PEDIDO DE DESCULPA

A estratégia de marca pessoal da Gisele vai muito além de pedidos de desculpa sempre que acaba dando uma entrevista polêmica. Com o passar dos anos a modelo que no final da década de 90 e início dos anos 2000 sempre dizia que não se preocupava com o que comia e não contava calorias, começou a compartilhar sua rotina de vida saudável nas redes sociais.

Na última década houve um movimento muito grande de saúde e bem estar envolvendo alimentação e exercícios físicos. Muitas influenciadoras digitais de nicho fitness e culinária saudável cresceram seu alcance exponencialmente, o que inspirou várias famosas, inclusive Gisele Bündchen, a compartilhar suas próprias dicas.

Se antes, a moda entre as famosas era dizer que tinham um corpão sarado sem fazer muito esforço e que tudo vinha naturalmente, agora o público exige mais transparência das pessoas públicas. Desde então Gisele deu várias entrevistas falando sobre como mudou seu estilo de vida, parou de fumar, decidiu ter uma vida com alimentação mais saudável, como cuida do seu corpo e mente com ioga e meditação.

Com a onda da vulnerabilidade entrando o mundo do entretenimento, a modelo também decidiu expor que enquanto existiam revistas dizendo que ter sua vida era um sonho, ela estava passando por maus bocados emocionalmente. No livro de sua autoria “Aprendizados”, Gisele revela situações que nunca tinha contado em entrevista nenhuma antes. Gisele relatou que sofria de ataques de pânico e que até chegou a contemplar suicídio. Além de contar suas aflições emocionais, ela também deu exemplos de como superou essas questões na esperança de ajudar pessoas que estão passando pelo mesmo.

Mostrar-se vulnerável é uma das maiores estratégias de marketing pessoal que existe. A assistente social Brené Brown conta no livro “A Coragem de Ser Imperfeito” que as pessoas tendem a se conectar com quem se mostra vulnerável. A vulnerabilidade é um dos melhores jeitos de gerar empatia e identificação com o público.

Gisele aproveitou que a geração mais nova começou a quebrar estigmas em relação a saúde mental para contar sua história pro mundo inteiro. Além de mostrar que sua vida e carreira não era o que as pessoas imaginavam, ela pôde passar a mensagem de que “tudo bem não estar bem” e que todos passam por situações e desafios pelos quais tem que superar, e que todos podem superar.

O que você acha das estratégias de marketing pessoal da Gisele Bündchen? Qual delas você usaria para a sua marca pessoal? Me conta nos comentários!

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